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Actualizada em
14/01/14
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BRIGA entrevista a um trabalhador das Brigadas Florestais da comarca do Eume

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Setembro de 2005

Dous mortos, vári@s ferid@s, casas assediadas, famílias arruinadas, mais de 50.000 hectáreas queimadas, paragens naturais de grande valor ecológico destruídas... Estas som algumhas das dramáticas consequências que convertêrom, mais um ano, os fogos florestais nos lúgubres protagonistas do verao galego.

Capas de jornais e revistas, titulares de telejornais, novas de última hora... Mas, que se agacha por trás do que nos transmitem os mass media? Por trás das falsas promesas dos governantes ou das queixas inçadas de hipocrisia da oposiçom? Das razons que provocam todos os anos a morte de operári@s, e dos mesquinhos interesses que fam que se calcine o bosque?

Desde esta web quigemos fazer o nosso pequeno contributo com o intuito de deitar luz sobre estas e outras questons entrevistando a um jovem membro da brigada helitransportada da base de Queijeiro na comarca do Eume.

A Comunidade Autónoma Galega, pois carecemos de dados que abranjam a totalidade do território nacional galego, é umha das comunidades mais prejudicadas polo lume do Estado espanhol, sendo Ourense a "província" que mais incêndios sofreu; achas que estes lumes som intencionados tal e como explicitam os meios de comunicaçom?

É certo que, como dim os meios de comunicaçom, a maioria deles som provocados, o que já nom é tam certo é que sejam provocados por pirómanos que é a principal razom esgrimida polos mesmos. Alguém realmente acredita que os mais de cem lumes que pode chegar a sofrer a Galiza num só dia som provocados por um fato de loucos? O que está bem claro é que os incêndios provocados por pirómanos som claramente anecdóticos. Os fogos florestais som provocados por interesses de diversa índole, quer imobiliarios, quer madereiros, quer cinegéticos... e isto é precisamente o que os meios de comunicaçom nom dim.

A que pensas que é devido esse silêncio?

Pois simplesmente porque os meios de comunicaçom do poder nunca vam denunciar as más intençons dos poderosos senom todo o contrário. Som a sua ferramenta de comunicaçom, som os alto-falantes que permitem que desconheçamos os interesses ruins de uns poucos privilegiados. Se realmente analisassem as causas isso implicaria chegar à raiz do problema e entom por aí sairiam os nomes e apelidos dos que se beneficiam deste autêntico terrorismo ecológico.

Podes citar algum?

Desgraçadamente uns quantos. Ence, Fadesa, Fenosa, Endesa... som alguns dos nomes e todos eles tenhem os mesmos apelidos: Capitalismo Espanhol. De todos os jeitos podemos dizer que este é um diagnóstico muito superficial. A realidade é muito mais complexa. Precisariamos de tempo e espaço...

Nom temos pressa...

(risas) Nom é por tentar safar da resposta mas é que daria para umha cadeira universitária!! Assim, a traços gerais podemos dizer que a destruiçom do sector agrícola a raiz da entrada da Galiza na Uniom Europeia e a conseguinte conversom do núcleo socio-económico na faixa costeira do país provocou um desequilíbrio populacional que levou ao abandono das aldeias e das suas terras. Isto será outro dos factores que favorecerá a plantaçom de monocultivos de árvores de rápido crescimento como o eucalipto e o pinheiro pois som plantaçons que nom fam necessário trabalhar a terra e das que em pouco tempo tiras ganho fácil. Porém som estes monocultivos os que mais favorecem os lumes florestais.

Em que sentido?

Pois por umha banda o eucalipto é umha espécie pirófuga. Isto é, ainda que arda nom morre e polo tanto os seus mecanismos de auto-defesa ante o lume som mínimos. Umha hectárea de eucaliptos arde a umha velocidade muito rápida e decote para os apagar tés de recorrer a fazer um contra-lume. Além do mais a calor que se gera quando arde um bosque de eucaliptos é muito maior que o que geram as árvores de umha fraga o que fai mais difícil a sua extinçom. Qualquer pessoa que tenha estado nos labores de extinçom de um fogo florestal sabe que apagar um incêndio num eucaliptal adoita ser muito mais duro que num souto ou numha carvalheira. Contodo, até há bem pouco era a própria Junta a que incentivava a sua plantaçom através de subsídios a quem as plantasse.

Com que fim?

Para satisfazer as necessidades de celuloses como ENCE. É incrível que umha fábrica franquista de clara feiçom colonial tenha permanecido tanto tempo na ria de Ponte Vedra. É umha fábrica que nom só tem destruído centos de postos de trabalho directos e indirectos ao poluir umha das rias mais ricas da Galiza e cuja presença supujo hipotecar a saúde de milheiros de galegos e galegas e o empioramento do seu nível de vida, senom que agora tem repercussons muito maiores a nível nacional pois, além de ter destruído a fauna e a flora de amplas zonas do país, tem convertido o agro galego num auêntico polvorim e todo para que umha pessoa se enriquecera. Assim de estúpido é o capitalismo, um vive na opulência a costa de miles de pessoas.

Falemos agora das vossas condiçons de trabalho. Nos últimos anos este tem sido um dos sectores em que mais acidentes laborais se tenhem produzido sendo junto com o da construçom onde mais mortes de operários se produzem. A que se devem estes lamentáveis factos?

Vou-che dar umha resposta que serve para explicar as mais das mortes de trabalhadores e trabalhadoras: Precariedade laboral.

Podes concretizar

Abofé. Apenas tenho que descrever o que me aconteceu a mim próprio. Estivem mais de três meses a trabalhar sem formaçom nengumha num choio que tem grandes riscos. Trabalhei tanto como brigada de terra como de helicóptero e todo o que sei aprendi-no nos lumes. É incrível que o curso de segurança consista na leitura de um manual durante meia hora por parte de um funcionário de turno que nom pisou na sua vida um lume. Mais grave é que podas trabalhar como brigadista helitransportado e que nom recebas antes nengum curso específico de helicóptero. Nós chegamos a ir em helicoptero a lumes sem saber quase nada, isto fai que ponhas em perigo nom só a tua vida senom a de toda a tripulaçom do helicóptero. Depois, além da formaçom, a equipa que che dam nom é da qualidade que um trabalho como este precisa.

Que eivas cuidas tu melhoráveis na equipa que vos dá a Junta?

O material que che fam entrega é um capacete, umha protecçom ocular, umhas luvas, umha funda, umhas botas, umha máscara, umha cantimplora e umha linterna. Embora isto que a simples vista semelhe correcto à hora da verdade é umha trapalhada: a protecçom para os olhos derrete-se no lume; a máscara, que é fundamental, funciona uns dias mas depois nom che cambiam os filtros assim que já nom che vale para nada; a funda só é inífuga até que a tés que lavar e em comparança com os fato-macacos que davam antes som de um material muito mais ruim que nom para de rachar; as cantimploras ao serem de plástico também se derretem por isso nem as levamos aos fogos, as linternas que som para mover-te polo monte num incéndio nocturno alumeam menos que um lucecu ...

Mais grave é a situaçom das brigadas municipais que som contratadas polos Concelhos a través de um convénio entre as Deputaçons e a Junta já que muitas delas nom proporcionam aos seus trabalhadores e trabalhadoras umha equipa de protecçom. Umha autêntica loucura!!

Que che parecem as declaraçons do novo conselheiro do meio rural afirmando que nom vai mudar a política anti-incendios?

Estas declaraçons reflictem às claras qual é a suposta alternativa que nos tentam vender. Mas eu pergunto-me, onde fôrom todas as críticas feitas ao governo da direita espanhola por parte da esquerda nacionalista na sua gestom perante os fogos florestais? Seica essas críticas eram todo fume? Isto é cacarejar e nom pôr ovos. É dizer, criticar a má gestom, falar de cámbio, mas depois quando alcanças o poder fica todo na mesma. Desde logo que cumpriria mudar muitas cousas e em especial as condiçons laborais dos trabalhadores e trabalhadoras embora isto apenas seja possível a través da auto-organizaçom e da luita operária.

Pensas que nos próximos anos se vam produzir mudanças de calado?

Pois a verdade é que após as declaraçons do Conselheiro do Meio Rural e do vice-presidente da Junta Anxo Quintana pouca esperança podemos ter. É bem triste que duas pessoas ditas nacionalistas falem à hora de rematar com o lume de aumentar a presença da Guarda Civil espanhola nos montes galegos. Há bem pouco estivemos mais de 5 horas tentando apagar um fogo nas fragas do Eume sem umha míssera moto-bomba, e claro, os lumes sem água é difícil apagá-los. Nom há meios e o que se lhe ocorre a estas mentes lúcidas do BNG é reclamar mais Guarda Civis. Esta é a receita do nacionalismo majoritário. Devem de pensar que botando os guardas ao lume este se apaga. E apagar nom creio que se apague, como muito apanham uns votos em Roquetas del Mar, mas aqui do que se trata e de que os nossos montes nom ardam.

Para rematar, que medidas de urgência achas necessárias para serem postas à prática para o verao que vem?

Em primeiro lugar solucionar a falta de estabilidade dos trabalhadores e trabalhadoras e as eivas de formaçom. Em segundo lugar dedicar umha maior partida orçamentária que remate com a falta de meios existente na actualidade e em terceiro lugar pôr em prática medidas de reordenaçom de montes acordes com a nossa realidade, mudando o caminho económico traçado polo franquismo para os nossos montes por um mais respeituoso com a natureza e que à longa permitiria tanto reduzir os fogos florestais como a tirar umha maior rendibilidade económica dos mesmos.