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Actualizada em
14/01/14
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Juventude drogada

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Maio de 2006

Achegamos um artigo do militante basco Iñaki Gil de San Vicente intitulado "Juventude drogada", no que partindo do último relátório oficial sobre o consumo de cocaína entre @s jovens no Estado espanhol realiza umha interessante reflexom sobre o binómio drogadicçom-rebeldia juvenil.

Juventude drogada
Iñaki Gil de San Vicente (Euskal Herria)

O último relatório oficial sobre o aumento do consumo de cocaína na juventude do Estado espanhol suscitou comentários de todo o tipo. Mas a notícia de que o governozinho vascongado proibiu as concentraçons que a organizaçom juvenil Segi convocou em frente das sedes de alguns partidos para criticar a sua passividade política nom suscitou nengumha reflexom, como nom a suscitárom a repressom policial contra os gaztetxes, nem menos ainda a aversom repressiva de todas as polícias contra a juventude basca que nom se resigna à sua sorte. Também se ocultou a grande presença de jovens nos actos de denúncia contra a armadilha estatutária do PSOE e CiU, bem como o aumento da pressom policial contra a juventude independentista galega. A imprensa estatal nom dixo nem umha palavra sobre os milhares de jovens que no Estado se mobilizárom contra a monarquia, e unicamente balbuciárom algumhas frases sobre as suas significativas mobilizaçons contra o insuportável custo da habitaçom. Se revirmos os comentários realizados durante as duas fases da sublevaçom juvenil no Estado francês, primeiro contra a exploraçom racista e depois contra a precarizaçom, veremos como de nengumha maneira aprofundavam nas causas desses protestos, limitando-se a um palavrório nom ausente de algum temor.

Nom é por acaso o contraste entre o tratamento informativo de duas práticas tam opostas como som a drogadiçom e a rebeldia. Deixando de parte, por óbvio, o debate sobre a capacidade de autocontrolo e consciência do limite pessoal no uso de qualquer droga, devemos perguntar a nós próprios porque se limita o problema do abuso das drogas pola juventude à esfera individual, a determinadas formas de diversom colectiva ou, no máximo, à denominada “desestruturaçom familiar”, mero efeito da crise social. Porque nom se vai ao fundo do problema e se reconhece que a causa última está na quebra da legitimidade burguesa para oferecer um modelo de vida aceitável para muitos sectores da juventude. Nom se fai pola simples razom de que seria reconhecer o fracasso do sistema na produçom de escravos felizes que garantam a sua tranqüila reproduçom alargada. O escravo feliz necessita poucas drogas porque está contente com as suas cadeias e a sua alienaçom consumista: todos conhecemos jovens passivos na sua mansa obediência, que se julgam livres comprando o que lhes mandam comprar; é o escravo infeliz que precisa das drogas para achar umha falsa felicidade na sua desumana forma de vida. Mas este segundo tem duas limitaçons para a civilizaçom burguesa: produz menons lucro do que o feliz explorado, e tem mais queda para o protesto.

No chamado “ocidente democrático” conseguiu-se a relativamente feliz alienaçom de massas entre 1945 e 1968, data em que emergiu o protesto social início da longa crise dos 70 e da contraofensiva neoliberal posterior. No Estado espanhol, a produçom de escravos felizes foi umha das prioridades dos governos do PSOE. Nom o conseguiu por completo, embora sim destroçasse em muitos sítios, com a inestimável ajuda do PC-IU, a espinha das luitas sociais. O neofascismo do PP também fracassou no essencial: acabar com a juventude independentista e idiotizar o resto de colectivos juvenis, como se comprovou no repontar das luitas sociais desde finais dos 90. Mas a política económica de ambos partidos gerou os problemas que agora os ultrapassam. A procura de capitais exteriores facilitou-lhes a entrada em massa de narcocapitalismo que, somando à especulaçom financeiro-imobiliária, propiciou a economia submersa, de dupla contabilidade e criminosa. O embaratecimento do dinheiro e a sobreabundáncia de papel moeda iam unidas ao aumento da oferta de toda a classe de drogas. Neste contexto, a outra parte da política económica como a precarizaçom selvagem, a extinçom prática do contrato fixo, a reduçom das prestaçons sociais, a provocaçom do consumismo… fechava toda perspectiva de futuro esperançoso e até de presente um bocado aceitável, excepto para a juventude burguesa.

Além do mais, há que acrescentar outros dous factores: o permanente dilúvio ideológico do individualismo neoliberal, a que se pregrárom esses assalariados do tinteiro que som os intelectuais, e a responsabilidade dos pais que se recusárom a transmitir às suas filhas e filhos as suas lembranças de luita, de militáncia, de resistência ao sistema, e desses outros pais que aceitárom as supostas pechinchas das reconversons, pré-reformas… em troca de severas restriçons sindicais e laborais que estám a sofrer os seus filhos e filhas.

Porém, muitos jovens saírom desse buraco sem fundo, e aí está o seu mérito e a importáncia chave de lhes darmos a palavra.

O capitalismo necessia, antes de mais, efectivos e maleáveis escravos felizes; se isso nom for possível, resigna-se aos escravos infelizes; prefere-os, desde que nom tenha de lidar com rebeldes que sempre podem insubordinar-se, e menos ainda com revolucionários jovens que organizam a insurgência, que odeia a morte. Sabe que sempre existe a possibilidade de o escravo infeliz tomar certa consciência da sua situaçom real e encetar a sua emancipaçom, e por isso necessita ocultar-lhes que existe um outro mundo, umha vida em que a responsabilidade ético-moral, a consciência política e o prazer da subversom ultrapassam a dependência das drogas. Ignorantes desse universo, desconhecedores de umha outra forma de ser, essa juventude asfixia-se na sua mesma angústica e afunda no derrotismo passivo e niilista, e a única alternativa que parece possível nom é outra que a submissom à ordem. Sem levar em conta esta deliberada preferência do poder por uns em contra dos outros, nom perceberemos qualquer cousa que seja do problema das drogas. As drogas nom som umha questom estritamente individual ou familiar, no máximo um problema sócio-sanitário controlável mas nom resolúvel por instituiçons alegadamente neutrais e assépticas. Som um problema e um instrumento político inserido na luita de classes, na opressom nacional e na exploraçom de sexo-género, no qual cumpre um papel central o Estado burguês.