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Actualizada em
14/01/14
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O botelhom como excussa

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Especial Ser jovem nom é delito

Julho de 2006

Achegamos artigo de opiniom do jovem independentista Alexandre Rios intitulado "O botelhom como excussa" que analisa este fenómeno desde umha óptica bem distinta a dos médios de comunicaçom do sistema.

O botelhom como excussa
Alexandre Rios

Nos últimos meses de 2005 e desde princípios de 2006, tivemos a oportunidade de assistir a umha nova funçom de teatro informativo, que leva sendo retomada e deixada em funçom das necessidades do momento, e que pretendia analisar a “problemática” do botelhom. Este nom deixa de ser o agir acostumado das empresas de comunicaçom audiovisual, que vendem este tipo de produtos do mesmo jeito que cortinas de fumo mediáticas estilo o “debate” sobre o matrimónio homosexual ou a aprovaçom dum novo estatuto autonomista. Estes “grandes temas” de discussom, que tanto afanam a articulistas e políticos institucionáis, som disfarçados como debates de fundo quando em realidade o posicionamento num ou outro lado dificilmente vai a traer umha mudança substancial (nem num caso o sistema vigente vai a deixar as agressons homofóbicas contra os colectivos GLTB nem a Galiza vai a poder decidir nada mais do que permitam os limites da constituiçom militar de 1978).

Um claro exemplo disto podemos encontrá-lo no botelhom, na legislaçom que está a ser aprovada contra centos de miles de jovens em todo e estado espanhol, em mais um ataque às liberdades básicas, neste caso de reuniom e ócio, da juventude.


Nos últimos meses, miles de jovens se reunírom em parques e praças de diferentes cidades da Galiza. Viveiro, Compostela, O Grove, Vigo, A Corunha, Vilagarcia, Ponte Vedra, Lugo, Ferrol e Ourense fôrom algumhas das cidades eligidas para a realizaçom do que se deu em chamar nos media “macrobotelhons”, é dizer, convocatórias espontáneas da juventude para reunirem-se de jeito massivo em determinadas zonas da cidade que nom som as permitidas polo concelho, com o objectivo de divertirem-se e protestarem contra um organismo alheio que diz representá-los, mas que pola contra só sabe tildá-l@s de “vándal@s” e “drogadict@s”.


Estas reunions tenhem provocado umha onda de manifestaçons reacionárias e de forte conteúdo autoritário em diversos cárregos políticos, amplificadas em jornais e televissons que aproveitárom a ocasiom para aprofundar na campanha de intoxicaçom mediática contra a juventude iniciada desde inícios deste ano. Alcaides e concelheiros pugêrom o berro no céu ante a insolência da juventude ao reclamarem para sim espaços públicos nos que poder desenvolver o seu tempo de ócio. Guelherme Vásques, concelheiro de segurança de Ponte Vedra do BNG, apressurou-se a expressar ante as convocatórias juvenís que se reforçaria o controlo policial nessas zonas, sublinhando de novo a ideia implícita de que a juventude somos delinqüentes em potência que devemos ser vigiad@s. Melchor Roel (PSOE) e Lôpes Orozco (PP), alcaides de Viveiro e Lugo respectivamente coincidem também ao considerar estes botelhons como umha provocaçom. No caso do alcaide de Lugo, nom duvidou em pedir umha reforma do Código Penal para castigar aos/às supost@s vándal@s (é dizer, nós, a juventude).


Todas estas declaraçons nom cairom em saca rota, já que a ministra espanhola de Sanidade e Consumo, Elena Salgado, anunciou já que se está a estudar a implantaçom dumha normativa comum a todas as comunidades. Nom esquezamos que noutros territórios do estado espanhol é ilegal beber alcol na rua, acavando algumhas das convocatórias estatais em enfrontamentos com a polícia e distúrbios.

É escandalosa a hipocrisia destas vozes supostamente democráticas, que se alçam airadas contra um facto totalmente normal: A utilizaçom de espaços públicos por parte da juventude. Já nom é que se nos esteja marginalizando a determinadas praças das nossas cidades para que “nom molestemos”, é que se nos nega o direito a reunir-nos onde decidamos, ao mais puro estilo da ditadura franquista, alegando que somos potencialmente perigos@s, que nom nos controlamos, que somos um perigo público que deve ser vigiado e intimidado pola polícia local e nacional, polas forças antidistúrbios, etc. As cidades nas que vivemos deixam de ser nossas.


Assim, a resposta policial nom se fai esperar: Em todas as cidades se instalam dispositivos de seguimento policial, como exemplo temos Compostela, onde a polícia como braço executor de Sánches Bugalho negou o acesso à praça do Obradoiro, impedindo o livre tránsito de jovens por ela. Em Vilagarcia, Ponte Vedra, Vigo, e A Corunha a resposta a estas reunions esporádicas é a repressom, o assédio policial e o autoritarismo do poder. Agora decidem os concelhos, os alcaides e concelheiros, quando podemos passear pola cidade e quando nom. Quando se nos permite passar por esta rua ou quando é “perigoso” que o fagamos.


Porém, existe um raseiro de medir diferente em funçom de quem use os espaços públicos. Nom existem tais problemas quando som as festas e espectáculos de Entruido ou Natal organizadas polos concelhos as que ocupam a rua. Mas, claro, tenhem patente de corso ao contarem com respaldo institucional. Neste caso, som plenamente aceitadas maliá que o ruído e o volume de desperdícios sejam similares ou maiores que os do botelhom. Mas nom só: Lembremos as homenagens ao exército espanhol como a de A Corunha do 29 de Maio do ano passado, no que se cortou a livre circulaçom de multidom de ruas e espaços públicos para rendir pleitesia aos fascistas genocidas da ditadura franquista, ou quando ocorre o próprio com a visita dos Reis de Espanha ou qualquer outra “pessoalidade” que nom pode compartilhar rua com o populacho. É claro que governos e governinhos nom tenhem problema em que se ocupem as ruas, o verdadeiro problema está em quem as ocupa, e em quem recai as decissons de permití-lo ou nom.


Fai-se evidente que o controlo e a repressom da juventude é a dia de hoje umha prioridade. Nom só polo recente plano de vigiáncia e seguimento social aprovado polo ministério de Interior espanhol, senom pola propaganda mediática e as respostas que tenhem fenómenos sociais como o este, no que o poder adulto decide excluir-nos socialmente, fazer de nós um corpo social aparte com menos direitos e submetido a maior controlo. Numha situaçom de precariedade e incertidom brutais para @s jovens, as práticas de ócio alienantes como o consumo de drogas (legais ou ilegais) som a regla, e um dos objectivos das reunions do botelhom. Se bem BRIGA defende um outro tipo de ócio para a juventude, activo, formativo e nom alienante, nom caemos no reduzionismo de classificar ao botelhom como mais umha prática de alienaçom, se bem participe de esta em parte. O efeito socializador das reunions nocturnas nestas praças é fulcral para a juventude, que além da procura dum divertimento fácil que faga esquecer as suas preocupaçons mais acuciantes e imediatas (problemas familiares, dificuldades económicas, falta de expectativas vitais, etc.) precisa dum ponto de encontro e socializaçom onde encontrar a amig@s e companheir@s com @s que passar um bom momento. Nom esquezamos que a dinámica de discotecas e pubs impede em grande medida este factor socializador que é um dos pontos definitórios do botelhom. De facto, propietários de locais de movida nocturna nos cascos velhos das cidades soem ser os primeiros em reclamar medidas contra o botelhom nestas zonas, mas tememo-nos que as razons som mais bem lucrativas e nom sociais.

Ver também o especial: Ser jovem nom é delito