Constituiçom da Plataforma contra os incêndios florestais
Especial Se arde Galiza. Lume contra os responsáveis
Agosto de 2006
Diversas organizaçons políticas e sociais, entre as que se atopa BRIGA, constituirom esta mesma semana a Plataforma contra os incêndios florestais e venhem de apresentar um manifesto unitário sob a palavra de ordem “Defendamos os nossos montes. Esta barbárie também tem responsáveis políticos”.
A Plataforma distribuirá o manifesto na manifestaçom nacional convocada por Nunca Mais, na que a Plataforma participará de forma crítica, incidindo na relaçom dos intereses especulativos e os fogos e denunciando as claras responsabilidades políticas tanto do Partido Popular como de PSOE e BNG na crise nacional provocada pola vaga dos lumes.
A seguir reproducimos o manifesto elaborado pola Plataforma,
DEFENDAMOS OS NOSSOS MONTES
ESTA BARBÁRIE TAMBÉM TEM RESPONSÁVEIS POLÍTICOS
Três anos depois do atentado ambiental do Prestige, voltamos a sofrer um ataque de tremendas proporçons contra o País. Ataque que agride directamente a sua populaçom, o ecossistema, o habitat, a cultura e o futuro dos e das galegas. Três anos depois da maré negra, umha mistura explosiva de interesses políticos, económicos predadores, e incompetência política, unida aos problemas estruturais do monte galego causados por umha prolongada e ineficaz ordenaçom do território, umha errada política de reflorestaçom e umha gestom do agro galego negativa, sacrificam o porvir de toda a populaçom.
Da Plataforma contra os incêndios florestais queremos denunciar:
1- Que a intencionalidade dos lumes nom se deve unicamente a psicopatas, vándalos ou despistados. Há um plano perfeitamente orquestrado para liquidar a populaçom e qualquer futuro dos nossos montes e do nosso agro.
2- Esta situaçom nom é casual. A política florestal desenvolvida desde os anos quarenta, baseada no monocultivo do eucalipto e do pinheiro, empobrece e limita a potencialidade do monte galego e cria o sustento perfeito para o terrorismo florestal.
3- Que a vaga de lumes, nas últimas décadas, coincide com o abandono do rural e dos usos tradicionais do complexo agro-gadeiro-florestal, impulsionada polo Estado espanhol com o beneplácito da Uniom Europeia, e portanto com o avanço das massas florestais homogéneas e pirófitas.
4- Que as zonas agredidas nestes últimos tempos som as mais cobiçadas por grandes e medianos especuladores, que preparam o assalto aos PGOM de múltiplas comarcas ocidentais galegas e sonham com um porvir de turistificaçom e urbanizaçom especulativa.
5- Que a Lei de montes que restringe a urbanizaçom nem se aplicou ainda, nem evita a urbanizaçom do solo rústico incendiado.
6- Que o PP, como principal apoio político desta estratégia económica e deste desenho florestal, pratica a hipocrisia pura e dura ao lavar as maos e esquecer a sua responsabilidade política ontem e hoje. Que o governo bipartido do PSOE-BNG pratica a verborreia fácil, ao insistir na linguagem da ‘guerra’ e da soluçom policial: o seu medo crónico nom lhe permite assinalar as forças responsáveis por esta desfeita, nem confessar que a sua ‘prevençom’ de um ano foi pura fraude, rendido ao poder dos de sempre. A Junta é responsável política directa pola actual catástrofe ambiental, por perpetuar as políticas florestais e a indústria do lume do fraguismo, por carecer de meios e recursos suficientes para o combater.
EXIGIMOS:
- Que do Governo galego se assinale os verdadeiros culpáveis desta desfeita e nom fique todo numha farsa com que enganar a populaçom e manter assim intactos os interesses e o poder dos de sempre.
- Explicaçom exaustiva à populaçom das investigaçons e detençons que se estám a produzir. (Nom podemos esquecer que há quatro pessoas assassinadas por estes terroristas do lume).
- A identificaçom (com nome e apelidos) dos orquestradores últimos deste ataque directo contra o País e a sua populaçom.
- Legislaçom clara sobre as superfícies queimadas onde se contemple expressamente:
· Impossibilidade de requalificar os terrenos incendiados.
· Proibiçom absoluta de repovoaçom com espécies foráneas.
· Proibiçom de instalar parques eólicos nos montes arrasados polo lume.
- Dispor dos mecanismos de controlo necessários para que ninguém saia beneficiado desta catástrofe florestal.
- Criaçom desde já de um grupo de trabalho em que estejam implicadas tanto o pessoal técnico correspondente, as comunidades de montes, as organizaçons ecologistas, assim como a populaçom que vive nas zonas afectadas para desenhar o plano de reflorestaçom dos nossos montes, pois este é o momento para fazer as cousas bem e nom há possíveis escusas.
Chamamos às e aos galegos/as conscientes da barbárie que nos assola:
- A envolver-se num movimento assemblear amplo e abrangente de denúncia dos culpáveis, de pressom e exigência de responsabilidades às autoridades autonómicas, e de oposiçom aos planos urbanizadores e eucaliptizadores avalizados por um poderoso conglomerado empresarial.
- A reivindicar a recuperaçom do nosso rural e da diversidade de usos dos nossos montes como garantia para evitarmos no futuro os incêndios. Uns montes que produzam biomassa e madeira de espécies diversas, e que sirvam de apoio à produçom agrária num rural habitado.
GALIZA EM PÉ CONTRA O LUCRO DO LUME!
Compostela, 20 de Agosto de 2006