BRIGA, organiza�om juvenil da esquerda independentista

Loja Virtual
Arquivo Gr�fico
correio-e:
Compartilhar
Actualizada em
14/01/14
novas

Entrevistamos a um membro de Azarug, organizaçom da juventude canária

imagem Fevereiro de 2008

Com o intuito de dar a conhecer na Galiza as luitas dos diferentes povos pola sua libertaçom publicamos a seguir umha interessante entrevista que a equipa da nossa web fijo a um membro de Azarug, organizaçom juvenil independentista canária.

BRIGA. Na Galiza é pouco conhecido o movimento nacionalista canário. Poderias fazer umha breve génese como limiar para esta entrevista?AZARUG. O independentismo canário começa a aparecer já desde o século XIX, com figuras como Secundino Delgado ligadas ao movimento operário, mas nom é até a década de 1960 quando este começa a adquirir umha certa releváncia como movimento organizado no contexto das luitas contra a ditadura franquista. Surge deste modo o Movimiento Canarias Libre e, logo, o Movimento para la Autodeterminación e Independencia del Archipiélago Canario (MPAIAC), que chegou a empregar a luita armada. Os anos 70 som o momento de maior auge do nacionalismo canário, numha época de grande efervescência social, e terá o seu reflexo no êxito eleitoral de Unión del Pueblo Canario (UPC), coligaçom de grupos comunistas, independentistas e autodeterministas que chega a se converter na terceira força política das Canárias. Porém, a crescente moderaçom de UPC (após umha campanha de ataques por parte dos partidos espanholistas), e a repressom do Estado espanhol (o qual chegou a utilizar a guerra suja contra o MPAIAC) fijo que a inícios dos anos 80 toda essa mobilizaçom e conscientizaçom estivesse já em crise. A nova conjuntura foi aproveitada pola burguesia colonial procedente de UCD e o franquismo que passou a ter um novo discurso regionalista inçado de folclorismos que rendibilizasse a consciência protonacionalista presente em grande parte do povo canário em favor dos seus interesses de classe e os seus privilégios reflectidos no pacto colonial, e com a ajuda de reciclados de UPC e o PCE formam a amorfia que é hoje Coalición Canaria. Todavia, precisamente nesses momentos, a inícios dos anos 90, por parte de umha nova geraçom mais jovem intenta-se dar um novo pulo à esquerda independentista, criando-se assim Azarug.

B. Em que consiste exactamente o pacto colonial?
A. O chamado pacto colonial, consistente numha exploraçom dos recursos naturais e humanos da colónia em benefício da metrópole com o beneplácito de umhas oligarquias locais (que podem ser indígenas, crioulas, metropolitanas ou estrangeiras) que obtenhem um especial lucro da relaçom colonial, nas Canárias traduziu-se numha série de especificidades e excepcionalidades ao sistema mercantilista da coroa espanhola durante a Idade Moderna. Com a transiçom ao capitalismo (finais do século XIX), implantará-se o sistema de Portos Francos, outra excepcionalidade com a que, desde o ponto de vista económico, as Canárias funcionaria quase como país estrangeiro com respeito ao Estado espanhol, e que beneficiará a umha burguesia exportadora e importadora que fomentará o chamado pleito insular, e reduzirá a agricultura canária aos monocultivos de exportaçom. Estas excepcionalidades convertêrom as Canárias na ponta da lança do colonialismo doutras potências europeias como a Inglaterra, ao ligar estreitamente a economia canária à británica. O Estado assegurava-se com estes “privilégios” a lealdade das oligarquias do arquipélago.

Na actualidade este pacto traduz-se em três alicerces básicos: Estatuto de Autonomia, Regime Económico e Fiscal (REF) e Estatuto de Ultraperificidade.

B. Neste sítio web também fazedes referência à ideia de Unidade Nacional frente ao insularismo. Gostaríamos que desenvolvesses algo este conceito tam alheio para nós.
A. As Canárias é um território fragmentado geograficamente, o qual dificulta enormemente as comunicaçons entre umhas ilhas e outras, mas o insularismo nom é um fenómeno geográfico, senom político. O insularismo nom é outra cousa que o enfrentamento entre as elites caciquis das distintas ilhas, principalmente entre as burguesias de Grande Canária e Tenerife, por receber mais migalhas, subsídios e privilégios da metrópole do que a outra ilha e conseguir a hegemonia política e económica dentro do arquipélago. Esta competência entre as burguesias intenta-se trasladar, através dos meios de comunicaçom, ao conjunto da populaçom, e gera um ódio artificial face à “outra ilha” que dá lugar à divissom das ilhas e ao travom da consciência nacional canária.

B. Nascestes em 1992 mas donde vem o nome de AZARUG?
A. Azarug é umha palavra em língua amazighe (a língua dos antigos canários) que significa “independência”. Os fundadores do nosso colectivo escolhêrom-na evidentemente por motivos reivindicativos.

B. As Ilhas Canárias som junto com Ceuta e Melilha as últimas colónias de Espanha no continente africano. Mantedes algum tipo de relaçom com as organizaçons anti-coloniais de África? Como influírom as luitas de libertaçom nacional africanas no vosso país?
A.
Na actualidade, as relaçons que temos com o Continente circunscrevem-se ao ámbito da Tamazgha, isto é o espaço histórico-cultural dos povos com raízes amazighes no Norte de África. A maior parte dos colectivos que nos situamos neste espaço colaboramos, principalmente, dentro do CMA (Congresso Mundial Amazighe). Ainda que gostaríamos de ter mais e melhores contactos com o resto do nosso Continente.

As influências dos movimentos de libertaçom africanos no nosso país fôrom múltiplas e variadas, já que durante o período de descolonizaçom foi quando o nosso movimento tivo maiores quotas de activismo, força e eco internacionais. Nessa época o principal movimento de libertaçom das Canárias (o MPAIAC) tinha a sua direcçom em Argel, ali o seu máximo líder, Antonio Cubillo, trabalhou constantemente a questom colonial canária com os principais líderes das revoluçons africanas: Amílcar Cabral, Ben Barka, Nkrumah, Sekou Touré, Agostinho Neto, Ben Bella, Bumedian, Gaddafi, entre outros. Graças a esse processo de descolonizaçom, que propiciou o reencontro com o nosso espaço natural, essas ideias influírom muitíssimo nos sectores mais combativos e revolucionários da nossa pátria. Este processo descolonizador chegou a materializar-se no apoio da OUA em dous períodos chaves, 1968 e 1978, onde prestavam o apoio face ao movimento de libertaçom canário e denunciavam a ocupaçom europeia do país.

B. Das poucas cousas que Espanha ensina das Canárias é o facto de ter existido um povo africano, o povo Guanche, que os espanhóis teriam exterminado a raiz da conquista e colonizaçom do arquipélago atlántico. Que de real há nesta afirmaçom? Ficou peugada da presença Guanche na vossa naçom?
A. Num processo de conquista e colonizaçom, a potência imperialista nunca procura o extermínio total da populaçom submetida, isso nom faria rendível a conquista. O colonialismo procurava era a exploraçom dos recursos naturais, estratégicos e humanos do território, quer dizer, explorar nom só o território senom a sua populaçom como mao de obra. A conquista de modo nengum supujo um extermínio dos antigos canários, povo amazighe norte-africano, e há numerosas provas históricas que demonstram nom só a sua pervivência, senom que aliás, constituírom quando menos umha percentagem importante da populaçom do arquipélago após a conquista. Pervivêrom, por exemplo, numerosos elementos culturais presentes de umha maneira viva no arquipélago até décadas bastante recentes, sobretodo entre comunidades pastoris e agrárias em que os modos de vida mudárom bem pouco, elementos na linguagem, sobretodo em relaçom à toponímia, sem querer tocar o tema antropológico por vê-lo desnecessário.

B. Conta-nos por último qual é a vossa actividade diária, as vossas campanhas, os vossos reptos no futuro imediato...
A. A verdade é que no nosso colectivo costumamos realizar actividades bastante diversas, como aprofundizar na memória histórica do nosso povo através de actos como Acentejo ou La Ruta Bentejuí, actos que rememoram vitórias ou factos salientáveis do nosso passado, conferências e palestras, jornadas de formaçom, participaçom nos movimentos sociais, campanhas contra as constituiçons espanhola e europeia, realizaçom de fanzines e murais, assim como na construçom de espaços livres com o intuito de gerar poderes populares emergentes.

No futuro esperamos consolidar os nossos projectos e melhorar a nossa formaçom para continuarmos a crescer no nosso país. Um crescimento que poda permitir no futuro abrir espaços para o questionamento frontal da estrutura colonial que sofre o Arquipélago Canário.