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Actualizada em
14/01/14
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Publicamos intervençom antimilitarista no IV Foro de Rebeliom

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Especial Nom mais julgamentos a antimilitaristas

Dezembro de 2007

Polo seu interese publicamos na secçom de documentos da nossa página web a intervençom do companheiro Xane Rios no IV Foro de Rebeliom, organizado polo Grupo de Base de BRIGA em Ponte Vedra sob o título “A Luita antimilitarista da juventude galega”.

Luita antimilitarista da juventude galega
De Xane Rios (Militante de BRIGA)

OS FACTOS

A primeira das razons polas que estou hoje aqui som os factos acontecidos há já mais de ano e meio, em Junho de 2006. Nessa altura, a BRILAT celebrava o seu 37º aniversário, e em concreto o celebrava na Alameda de Ponte Vedra frente ao IES Valhe Inclám, onde apostou vários camions e veículos do exército, postos de informaçom e toda essa parafernália que rodeia a campanha de captaçom que o exército espanhol leva pondo em prática desde a aboliçom do SMO.

Mas em todas as festas de aniversário sempre aparece alguém que nom foi convidad@, e neste caso @s indesejad@s fôrom um grupo de jovens de BRIGA, que despregárom umha faixa em que se podia ler Exército espanhol fora da Galiza. Automaticamente, vári@s membros da polícia militar, de uniforme e à paisana, botárom-se acima, tentando rachar a faixa e golpear os/as jovens concentrad@s. Coreárom-se palavras de ordem contra o exército, e deitou-se um caldeiro de pintura cor-de-rosa por cima dum mostrador de cartom.

Semanas depois, chegava-nos a alguns e algumhas d@s presentes umha notificaçom. Logo saberiamos que se nos acussava por um delito de ameaças e injúrias ao Exército espanhol e de maltrato às FA. Pede-se-nos mais de 2.190 € a cada um/umha, além dum ano de prisom. E todo isto sem que se produzira nemgum tipo de identificaçom, detençom ou careio de qualquer tipo.

AS PERGUNTAS

Chegamos entom a fazer-nos várias perguntas:

1/ Como é que, com um exército profissional, do que aparentemente nom estás obrigad@ a formar parte, um exército que teoricamente só visita países em missons de paz, que pouco mais e parece que em lugar de soldados tem hippies merece qualificativos como assassino, fascista, imperialista, e outros piores e mais fortes que já se saem do tom da charla?

2/ Como é que um grupo de jovens que nom estám obrigad@s a prestar o SMO se posicionam de jeito tam claro e rotundo contra o Exército espanhol?

3/ Como é que um acto que consiste em expressar o rechaço à instituiçom militar é respostada dum jeito tam desmedido desde os julgados?

CONSIDERAÇONS SOBRE O EXÉRCITO

Para responder a estas perguntas devemos entender o papel que cumpre o exército espanhol (e todos os exércitos) a dia de hoje há que lembrar-se da funçom que exerceu no nosso passado mais imediato, e atravessar toda a maranha de filtros, tabus, verdades a meias e mentiras que se tecêrom à roda dele.

Se figermos um exercício de memória histórica e nos saltarmos essa amnésia colectiva que se pactuou na chamada Transiçom espanhola, encontraremos que no ano 1936 o exército espanhol se alçava em armas em contra da vontade da maioria da populaçom estatal e protagonizava um golpe de estado contra o legítimo governo da II República Espanhola.

Após umha guerra de três anos instaurou-se a Ditadura franquista cujas conseqüências ainda arrastamos hoje, e que adaptada aos novos tempos constitui o sistema em que nos tocou viver. O saldo de mort@s na pós-guerra ainda é desconhecido, se bem os dados historiográficos falam de entre 7.000 e 10.000 mort@s. Comparándomos com Chile, algo mais de 3000 pessoas entre 1973 e 1990. Podemos falar sem temor a equivocar-nos de genocídio e holocausto galego.

Logo chegaria a década de 70, e ante a impossibilidade do Regimem franquista para perpetuar-se, opta por modificar-se aparentemente, mantendo as estruturas de poder que se beneficiaram do golpe de estado. Chegava toda a farsa da Transiçom, na que fascistas e assassinos de toda a vida passavam a ser demócratas. O exército é umha clara mostra desta maquilhagem política. Agora quem enterrava militantes da esquerda em fossas comuns passava a ser o defensor internacional da paz e da segurança mundial, a polícia que perseguia e torturava nas comisarias metamorfoseava-se por nom se sabe que médio mágico em servidora d@s cidadaos/ás.

É este processo que nos permite entender por que o exército precisa gastar milheiros de milhons anuais de dinheiro público em campanhas de marketing que ocultem a sua funçom e o seu passado, que difuminem o seu perfil real e impeçam lembrar o que fôrom e ver o que som. Também explica em parte por quê BRIGA organizou aquele acto contra a BRILAT, e por que se tenta castigar desde os Julgados qualquer mençom ao papel actual do exército. Também explica por que a maioria d@s jovens da Galiza nom podem, mas devem, ser antimilitaristas.

A seguir analiso algumhas das funçons que cumpre o exército espanhol:

A/ Funçom imperialista

As FA nom som umha ONG, como dixo acertadamente o fascista Mariano Rajói, para confirmar a regra. O Estado espanhol nom gasta centos de milhons de euros em comprar bombas, avions de combate, fragatas, armamento, etc, nem em treinar soldados para logo enviá-los a arranjar tubagens que goteiam ao Afeganistám. O ofício dum militar dum exército regular é matar, assassinar, empregar a violência contra outras pessoas seguindo ao pé da letra o dictame das ordens da escala de mando, que finalmente responde às direcçons do governo estatal.

Só temos de olhar para a intervençom no Oriente Médio, no Líbano, no Afeganistám ou no Iraque, no Haiti e no Kosovo, para ver como se leva a paz a outros países a ponta de ametralhadora, exterminando vilas inteiras, violando mulheres, massacrando populaçom civil, arrassando países, etc.

Em primeiro lugar porque sempre se dá a casualidade de que os países onde se intervém tenhem riqueza em matérias primas e energéticas (caso do Iraque), possuem um fortíssimo valor geo-estratégico o (Líbano), ou plantam cara à nova Ordem de Ditadura Militar Mundial que EUA e associad@s tenhem reservado para o mundo. Nom se intervém na África, ou se se fai é quando há interesses de Ocidente em jogo. É mais, promovem-se os conflictos neste continente, ao fim e ao cabo som grandes compradores da indústria ocidental de armamento, da qual por certo também participa o Estado espanhol.

Pensemos durante um momento nas torturas perpetradas polos militares estadounidenses no cárcere de Abu Ghraib, ou na base militar de Guantánamo. Que é o que nos fai pensar que o Exército espanhol tem de comportar-se dum jeito radicalmente diferente a outros exércitos ocupantes? Acaso a sua trajectória histórica o desliga de práticas como a tortura, o assassinato, as violaçons...? Mais bem ao invés. Cousa diferente é que nom tenha capacidade, e deva actuar como lacaio ou comparsa das invasons desenhadas no despacho oval da Casa Blanca.

B/ Funçom nacional

O exército espanhol nega os direitos nacionáis da Galiza, e actua como braço armado do projecto nacional espanhol. O artigo número 8 da Constituiçom Espanhola deixa as cousas bem claras: O exército espanhol é o garante da unidade indivisível de Espanha, e ante qualquer ameaça à mesma reserva-se a potestade de intervir militarmente.

Isto nom é mais do que um aviso a navegantes: Inclusive no caso dum hipotético referendo no que a vontade maioritária do povo catalám, ponhamos por caso, decida independizar-se do Estado espanhol, o exército teria respaldo legal para exterminar esse desejo a base de bombas. Isto é um muro infranqueável contra o direito à autodeterminaçom dos povos, reconhecido internacionalmente. Eis o verdadeiro espírito da Transiçom.

Para aqueles/as que defendam a tese de que o exército mudou essencialmente, lembremos as declaraçons de Mena Aguado, Tenente-General do Exército de Terra que durante a reforma do estatuto catalám deixou bem claro que se a reforma ultrapassava os limites da Constituiçom o Exército teria de intervir. Outra das funçons do exército, portanto, é coarctar e impedir violentamente a luita pola autodeterminaçom e a independência dos povos.

C/ Funçom ideológica

Esta instituiçom é umha fábrica continua de valores machistas e autoritários, onde se cultiva a aceitaçom fanática das ordens sem qüestionamento de nengumha classe, a submissom enfermiza à autoridade e à hierarquia, a institucionalizaçom da violência e o assassinato com amparo legal, a figura do macho, do homem-guerreiro dominador e conquistador, o ódio racial e a xenofobia, etc.

Nom por acaso tenhem processado vários membros da BRILAT por agressons e violaçons na cidade de Ponte Vedra. Ao mesmo tempo, lembremos que organizaçons da extrema-direita como Falange Espanhola, Espanha 2000 e diversos grupos neo-nazis contam com um elevado número de militares entre os seus militantes.

Ao mesmo tempo, a existência dos exércitos (e também o resto dos corpos repressivos) e o seu tratamento nos médios de comunicaçom permitírom a diferenciaçom artificial entre dous tipos diferentes de violência, é dizer, ao fazer dum corpo de mercenários armados umha instituiçom legalizada a través da Constituiçom, cria-se umha hipócrita linha divisória entre a violência legitimada polo estado (que desde logo nom é legítima) e a legítima (ilegal). É por isso que quando um militar russo assassina um activista checheno ouvimos que este foi "abatido", enquanto isto ocorre à inversa, fala-se de "vil e execrável assassinato".

D/ Funçom sócio-económica

Os exércitos constituem os braços armados das burguesias dos diferentes estados, som os cans executores que mantenhem o sistema vigorante empregando a violência quando é necessário, tanto a nível interno como externo.

Historicamente, as trincheiras sempre estivêrom pragadas de cadáveres dos trabalhadores dos estados em guerra. Quer dizer isto, que os próprios estados aproveitam empregam à classe operária como carne de canhom nos conflictos armados. Isto já vém sido denunciado desde a I Guerra mundial, quando Lenine e outr@s marxistas analisavam este conflicto como um combate entre interesses de diferentes burguesias, na que a classe operária nom devia participar.

Na actualidade, isso pode ver-se claramente: As FA e os corpos policiais som o esgoto onde vai parar toda umha parte dessa massa de obreir@s que procuram umha saída fácil à cada vez mais dramática situaçom laboral, assim como para @s inmigrantes que procuram aliviar a sua situaçom de exploraçom e atingir a nacionalizaçom espanhola. Ante a impossibilidade de encontrar um trabalho digno, cai-se na armadilha de acreditar em todas as mentiras sobre um exército novo, que existe para ajudar e proteger. A convocatória de milheiros de vagas anuais é clara mostra disso.

Ao mesmo tempo, a existência dos exércitos regulares permite manter em movimento um dos três negócios mais lucrativos do mundo, que move quantidades astronómicas em volume de transacçom todos os anos: O do comércio de armas (já seja legal ou ilegal). Os sempre crescentes gastos dos PGE em Defesa som clara mostra da boa saúde em que a indústria da morte se acha.

BRIGA E O ANTI-MILITARISMO

Chegad@s a esta altura, fai-se mais fácil responder as três perguntas do princípio:

1/ Como é que de BRIGA mantemos que o exército espanhol é imperialista, fascista, nega os direitos nacionáis do PTG e constitui umha arma contra a classe operária, os povos e as mulheres,

2/ Como é que de BRIGA se organizou esse boicote

3/ Como é que desde os julgados se resposta desse jeito tam antidemocrático, sem respeitar o mais mínimo da liberdade de expressom.

Esta reacçom responde aos interesses concretos de organizaçons políticas, empresas, grupos financieiros e entidades privadas, e em definitivo aos da classe dominante, que se beneficia e se protege com a actuaçom do exército desde a Ditadura. Evidentemente, é profundamente negativo para os seus interesses que se lembre o papel jogado polos militares durante o franquismo, e muitíssimo menos que se lhe tire a carouta ao exército para ensinar o que realmente há por baixo.

É por todo o exposto até agora que de BRIGA defendemos que a juventude trabalhadora galega nom pode, mas deve ter um posicionamento claramente antimilitarista, na teoria e na prática. Porque este exército recentemente profissionalizado se nutre principalmente de jovens, em boa parte de jovens trabalhadores/as que nom vem saída laboral possível. @s jovens, como primeir@s afectad@s desta situaçom devemos reivindicar que a única opçom possível é a luita por um emprego digno, e nom permitir que se nos conduça ao diversos matadeiros para defender uns interesses alheios a nós.

É fulcral que se socialice entre a juventude o papel e funçons dos exércitos, denunciar o seu imperialismo e a ideologia que sustentam, assim como aprofundar na necessária recuperaçom da memória histórica que raquíticas leis como a promulgada polo PSOE, equiparam a assassinos e assassinados numha falhida tentativa de pôr ponto e final às reivindicaçons de sectores populares que esigem acavar com a impunidade dos carrascos.

Ao mesmo tempo, de BRIGA queremos anunciar que continuaremos a denunciar as campanhas de captaçom de jovens organizadas polo exército, assim como a participar em todas as mobilizaçons e actividades do anti-militarismos que baixo parámetros nacionáis e de esquerda denunciem o papel do exército.

Continuaremos também a assinalar a cumplicidade de governos locais como o da nossa cidade, e do governo autonómico do PSOE-BNG, os quais permitem que o despotismo armado se benefície dos centros de ensino e espaços públicos para engrossar as suas fileiras.

Também vos pedimos a vossa solidariedade durante a campanha que BRIGA Ponte Vedra organizará à volta do nosso julgamento, o dia 4 de Fevereiro, para quando já há convocada umha concentraçom.