BRIGA, organiza�om juvenil da esquerda independentista

Loja Virtual
Arquivo Gr�fico
correio-e:
Compartilhar
Actualizada em
14/01/14
novas

Entrevistamos a CAJEI, organizaçom juvenil independentista catalá

imagem Julho de 2008

Nas vésperas da IV Jornada de Rebeliom Juvenil e do dia da Pátria entrevistamos à CAJEI, organizaçom juvenil independentista catalá, como mostra do nosso compromisso com as tarefas internacionalistas inerentes às organizaçons revolucionárias e de dar a conhecer as diferentes luitas nacionais existentes neste cárcere de povos denominado Espanha.

BRIGA. Comecemos por umha breve apresentaçom da vossa organizaçom. Podes expor sinteticamente a génese do que hoje é a CAJEI? O Seu nascimento, desenvolvimento, perspectivas…

CAJEI. A CAJEI nasceu da mao de umhas cinco assembleias de jovens. Num primeiro momento, estas apenas pretendiam criar um espaço de troca de experiências locais e de debate. Devagar, e com o progressivo crescimento da coordenadora, começou-se a ver a necessidade ou, no mínimo, a utilidade de coordenar algumhas actividades comuns em todas as vilas. Neste sentido, começou-se a trabalhar de forma conjunta em datas assinaladas (Dia da mulher trabalhadora, 1º de Maio, a Diada do 11 de Setembro, etc). Foi na II Assembleia Nacional quando as assembleias se apercebem do verdadeiro potencial que tem a CAJEI e da necessidade de ligar esse motor dinamizador que podia chegar a ser no seio do movimento juvenil catalám e do conjunto da esquerda independentista.

E é que na génese das assembleias de jovens jazia a luita pola independência dos Países Cataláns e a construçom do socialismo. Hoje continuamos a fazer a mesma aposta, e o nosso objectivo segue a passar polo trabalho na rua para agitarmos consciências e acordarmos o espírito crítico da mocidade catalá. Entre a juventude do nosso povo existe um autêntico potencial revolucionário, e nos seus cinco anos de existência a CAJEI tem demonstrado que se pode e se deve explorar esse potencial para construir um movimento juvenil forte, plural e compacto.

Agora há que continuar a crescer, já que som muitas as vilas e bairros do nosso país onde a juventude combativa nom tem espaços de participaçom e luita social. Se a juventude atingir um bom nível de organizaçom e formaçom e se dotar das ferramentas de luita necessárias, estamos seguros que em poucos anos poderemos falar de umha esquerda independentista reconstruída, amadurecida e com verdadeira força social. A juventude somos o futuro, isso ninguém o pode negar...

B. A CAJEI tem experimentado um crescimiento militante considerável nos últimos anos. Achas que pode ser assinalado o modelo organizativo escolhido como unha das razons deste êxito?

C. Sem dúvida. A qualquer jovem o que lhe preocupa é o seu contorno mais próximo e a base da CAJEI som a luita e o debate locais. Cada núcleo local é na CAJEI um ente de debate e luita. No que se refere ao modelo organizativo, “o nacional” é a suma do “local”, e intentamos combinar da melhor forma possíbel o trabalho prático com o debate teórico. De facto, creio que assim deveria ser para qualquer movimento revolucionário: sem o trabalho prático nom se dam passos, mas se for eliminado o debate teórico esses passos som dados em falso.

Se algo foi quem de achegar a esquerda independentista à CAJEI é, sobretodo, essa capacidade de crescimento e dinamizaçom. As assembleias som entes absolutamente autónomos, com as suas próprias campanhas e o seu próprio trabalho, cumha identidade própria. De facto, muitas das assembleias que componhem a CAJEI, existiam já antes de entrarem a fazer parte da coordenadora. O ente nacional o que permite é projectar essas luitas numha voz comum a nível de Països Catalans, ainda que a nossa presença se limita hoje ao Principat e ao País Valencia.

A finais de Setembro do ano passado lançastes umha nova iniciativa nacional de importáncia, o Alça’t 07 onde se reflectiu um grande esforço em alcançar um equilíbrio entre as actividades festivas e as de maior conteúdo político. Qual é vossa valorizaçom deste ambicioso evento?

Realmente boa. O Alça’t é seguramente o maior evento organizado polo conjunto das assembleias de jovens, e os níveis de assistência e participaçom fôrom espantosos. Os três dias que durou, a localidade de Caldes de Montbui serviu-nos tanto como plataforma para expor as nossas luitas locais, como para valorizar a nossa capacidade organizativa a nível interno. Nos dous sentidos temos saído reforçados.

Um dos pratos fortes do Alça’t fôrom precisamente as iniciativas a nível internacional, em que estabelecemos relaçons com jovens de, no mínimo, umha decena de naçons distintas: Castela, a Galiza, o País Basco, a Córsega, as Canárias, a Ocitania, a Palestina ou o Curdistám som só unha mostra dos povos que estivérom representados no Alça’t por distintas organizaçons juvenis.


B. Além do Alça’t, que outras actividades fam @s jovens da CAJEI?

C. Tod@s @s jovens da CAJEI fazemos parte de algumha das já cerca de 40 assembleias de jovens que se tenhem somado a este projecto. As assembleias som o motor da coordenadora e levam ao cabo multidom de actos, relacionados com as campanhas nacionais ou com outras campanhas locais.

De facto, as nossas campanhas nacionais estám baseadas nas nossas campanhas locais. Estas som umha ferramenta de luita mais para as assembleias, que as utilizam e adaptam à sua realidade mais próxima.

A nivel nacional se estám a levar ao cabo duas campanhas, que precisamente fôrom apresentadas durante o Alça’t. Através da campanha “Ni especulació ni destrucció, el jovent defensa el territori”, estamos a combater os efeitos da especulaçom urbanística com alternativas como a libertaçom de espaços juvenis através da ocupaçom ou a mobilizaçom contra os projectos mais destrutivos contra o nosso território, que respondem a interesses elitistas vinculados ao sector turístico no Mediterráneo e à especulaçom urbanística que sofre o solo habitável. A defesa activa do nosso território e a aposta por exigir espaços sociais para a juventude vam ligadas à conscientizaçom e posta em comum das problemáticas que sofremos.

Com a campanha “Subversió per la llibertat, fora simbologia espanyola i francesa dels nostres carrers” desde a CAJEI estamos a expor a necessidade de retirar, em primeiro lugar, toda a simbologia fascista e retrógrada. E, em segundo lugar, a retirada ou, no seu caso, boicote e desprestígio do resto de simbologia imposta polo capitalismo espanhol numha parte do nosso território. A obrigatória permanência da bandeira espanhola, o papel das forças armadas, as placas do Ministério da Vivenda franquista, alguns tristes monumentos que permanecem em alto, etc. Esta transformaçom do contorno vai ligada, como nom, ao debate e a conscientizaçom a respeito do papel dos projectos capitalistas espanhol e francês nos Països Catalans.

Aliás, as Assembleias de Jovens trabalhamos em muitos campos distintos, através da CAJEI ou segundo as necessidades locais. À parte das campanhas nacionais, alguns dos campos mais trabalhados som as relaçons patriarcais na própria juventude catalá, o papel das drogas contra @s jovens, a precariedade e a discriminaçom social, ou as luitas internacionais que se desenvolvem noutros lugares da terra.

Logo em cada bairro, como a nível nacional, há decenas de projectos e movimentos locais em que participamos activamente

B. Como organizaçom juvenil as vossas actividades centram-se na juventude catalá. Porém, Consideras que ainda há ámbitos juvenis que faltam por trabalhar? Caso os haja, tendes pensado cobrir estas lacunas?

C. Mais que ámbitos juvenis sem trabalhar eu falaria da dificuldade de trabalhar constantemente todos os ámbitos que a juventude organizada quer transformar. O nosso projecto é integral, e isso supom um debate e umha prática constantes em ámbitos tam distintos e à vez unidos como som a precariedade no trabalho; a discriminaçom de género ou por questons de orientaçom sexual; a sobreexploraçom que pesa sobre os e as jovens imigrantes; as agressons de carácter racista e fascista; a destruiçom do nosso território ou o alto preço da habitaçom; as imposiçons culturais, lingüísticas e identitárias; a repressom e o controlo policial sobre a populaçom; e ainda poderíamos contar mais ámbitos. Trabalhar todos esses temas e à vez apresentar um projecto político que ataque de raiz todas estas problemáticas é, sem dúvida, difícil. Por isso, umha vez definido o projecto político-ideológico há que entrar no campo estratégico para acumular as forças necessárias que permitam construir um movimento juvenil estruturado.
Para “cobrir essas lacunas”, pois, o mais importante é conjugar o debate estratégico com o ideológico na melhor medida possível.

B. A vossa naçom sufreu um processo de partiçom territorial de grande consideraçom. O Principat é sem dúvida onde o sentimiento nacional catalám é mais forte e onde o independentismo é umha opçom política normalizada. Que perspectivas tem a Esquerda independentista catalá para alargar o seu projecto fora da comunidade autónoma catalá? Tenhem-se investido esforços específicos desde a CAJEI para espalhar o discurso anticapitalista e independentista que representades polo resto dos territorios nacionais? Quais?

C. Em relaçom à primeira pergunta, nom considero que a esquerda independentista catalá tenha de estender o seu projecto fora da comunidade. No Principat, efectivamente, existe umha maior normalizaçom do conceito “independentismo”. E isso, sem dúvida, é bom. Mas nom é menos certo que esse “independentismo” está mais viciado pola manipulaçom que tenhem feito dele partidos reformistas, ou directamente, da direita local. A esquerda independentista existe, de forma mais ou menos consolidada, ou mais ou menos organizada, nos quatro territórios sob dominaçom espanhola, e também na zona que pertenece ao Estado francês. Isso significa, simplesmente, que o nosso povo resiste, está vivo e consciente de que algo nom quadra, precisamente, polas múltiplas e variadas agressons que sofremos em cada um dos territórios dos Países Cataláns. Há que explorar esse potencial.

A respeito da segunda pergunta, a CAJEI tem investido muito esforço em crescer em geral. Nestes cinco anos, o crescimento polo Principat de Catalunya, primeiro, e polo País Valencia, depois, tem sido vertiginoso. De 5 assembleias que iniciárom este projecto, agora já somos por volta de 40 as assembleias que formamos parte da CAJEI. A melhor ferramenta da CAJEI para crescer é a disciplina: debate constante e luita na rua. O trabalho da CAJEI visualiza-se nas vilas, nos meios e, como nom, no boca a boca do contacto vizinal. E o crescimento por estes dous ou por outros territórios, depende só da iniciativa e o interesse que mostra a juventude.

B. Por último gostaríamos de que nos falássedes um bocadinho do trabalho internacionalista que leva a cabo a mocidade independentista catalá nas brigadas que se organizam a distintos países da América latina.

C. A juventude catalá sempre estivo impregnada de um significativo sentimento de solidariedade com todos os povos do mundo. Isso deu pé a que muitos e muitas jovens organizad@s, e alguns/mhas que nom, tenham trabalhado em muitos temas de solidariedade e internacionalismo. E nos dias de hoje ainda se continua a trabalhar desde colectivos como a Brigada Catalá Venceremos! e a Brigada Catalá Alí Primera, de solidariedade com os povos cubano e venezuelano respectivamente. Aliás, centos de jovens (se nom miles) viajam a miúdo à América Latina, onde se desenvolvem projectos de todo o tipo, quer sejam relacionados com a ajuda ao desenvolvimento ou com a integraçom nos movimentos sociais e populares existentes.

Ainda assim, é importante ter em conta (mal que nos pese) que nos últimos anos o imperialismo tem avançado com muita força neste campo, neutralizando boa parte do potencial solidário e internacionalista de todos os povos de Ocidente. De facto, a solidariedade, tal e como a entendiam nossos pais e maes e, sobretodo, nossas avós e avôs, já nom tem lugar quase em nengum recuncho dos Països Catalans nem da Europa. Isso é triste, e por isto é muito importante continuarmos a trabalhar neste sentido, despertando consciências para levarmos a juventude organizada a trabalhar também ao lado de todos aqueles povos que luitam pola liberdade e a justiça desde qualquer lugar do planeta.

Nós, como a CAJEI, estamos intentando pôr o nosso graozinho de areia neste sentido. Há uns meses, no marco de l’Alça’t impulsionamos um embriom de solidariedade para que a juventude anticapitalista da Mediterrània comece a criar laços. Pugemo-nos em contacto com entidades corsas, palestinianas, curdas, amazics, ocitanas e sardas.